sexta-feira, 24 de abril de 2015

A esquizofrenia gestacional

Ora então aqui estamos nós com 37 semanas e 4 dias à espera.
Aquilo que ao início me pareceu bem fixe, que é como quem diz estar em casa, já me parece um aborrecimento. Se estivesse a trabalhar, possivelmente não estaria constantemente a pensar na vontade imensa que tenho de ver a cara dela, de a cheirar, de a vestir e de me tornar mãe. Chego ao ponto de me apetecer estar cansada, em oposição a estar aborrecidíssima. Como não vou trabalhar, a barriga torna-se menos pesada, até ando com desenvoltura pela casa e até vou conseguindo tratar das coisas aqui de casa sem grandes confusões....mas volta não volta vou ao quarto dela, observo as roupinhas, faço festinhas aos bonecos, ajeito os lençóis do berço e volto para a sala. De coração cheio de ansiedade e de vontade de fazer o tempo andar mais depressa. Hoje vamos à consulta, mostrar as últimas análises e fazer CTG. Vai ser o segundo que faremos, pelo que já sei o que se vai fazer, mas espero que desta vez ela não se faça de sonsa e dê pontapés...camada de nervos que apanhei nesse dia! Assim que me puseram os cintos, eis que a miúda para de se mexer. Tipo, NADA!
Estes últimos dias parecem uma eternidade...olho para a app do telemóvel e vejo que faltam 17 dias e nem quero acreditar que EU vou dar à luz! Em apenas 17 dias! Depois regresso à base e percebo que AINDA faltam 17 dias. Uma maluqueira, isto.
O pai da criança também anda a dar em maluco com tanta curiosidade, ansiedade e tudituditudo, pelo que acabamos o serão a imaginar como é que será pegar nela, dar-lhe o biberão, mudar a fralda, dar banho e sermos pais. Nós! Que ainda somos uns putos (não obstante os 34 meus e os 37 dele) que andamos às cabeçadas com a vida. O melhor disto, e o que me deixa descansadinha, é que sei que ele será o melhor pai que a nossa filha poderia ter, ou não fosse ele o melhor marido do mundo.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

cont. do post anterior (a partir das sugestões da Formiguinha)

E as pessoas?

Ora, se a questão do mexer na barriga é incontornável, o facto de deixarmos de ser nós para passarmos a ser grávidas ou mães também o é. Chateia? Um bocadinho. Se ao início queria é que a barriga crescesse, que o bebé se mexesse e que tudo correspondesse ao que idealizei, por outro lado, quando a gravidez já era evidente,a par dos seus desconfortos, comecei a ficar um bocadinho irritada pelo facto de todas as conversas fossem dar a bebés, cólicas, carrinhos e afins...Como se o meu cérebro tivesse fechado para balanço e eu não conseguisse falar de mais nada.Ora não é bem assim. É verdade que sintonizei para aqui qualquer coisa que me fez dar atenção a coisas de bebés e maternidade, mas os meus interesses e gostos continuam. Tenho tentado praguejar menos, ter pensamentos melhores, ser mais calma e menos irritadiça, mas a prova de que a coisa não é assim tão linear está na minha incapacidade de fazer estas coisas. É a vida. Pode ser que depois da miúda dar à costa as mudanças aconteçam.

E já sentiste mexer?

Vamos lá ver, eu nunca estive grávida e não tive nunca vontade de ouvir falar do milagre da maternidade até o milagre se ter pespegado no sofá da sala. Portanto, eu não fazia ideia de quando é que era suposto sentir o bebé mexer e até nem estava muito ralada...ATÉ TODA A GENTE ME COMEÇAR A MASSACRAR COM A CONVERSA! "Ah e tal, é como que um bater de asas e borboleta na barriga!" ou "são borbulhinhas de ar!". Tretas. Eu NUNCA senti borboletas nem bolhas, senti sim uns valentes encontrões e um bater à porta no fundo da barriga. E quando é que senti? Essa foi outra: "Ai eu foi logo às 14 semanas!", "ai eu foi ao quinto mês!". Eu senti na véspera de Natal e dada a insistência do mulherio, já achava que estava avariada.

E já deu a volta?

Estou de 36 semanas e mais uns trocos e a miúda está sentada. É fazer as contas às vezes que já ouvi esta.


"Mas olha que parto normal é que é. "

Ide.levar.onde.levam.as.galinhas. Então se a gaiata está sentada, se eu não faço questão nenhuma de a expulsar cá de dentro por uma entrada que me parece bastante apertada para o processo, que tal irem dar uma curvinha? Li algures que há para aí umas alminhas que consideram que o parto não acontece se for através de cesariana. Tanto camião desgovernado que para aí há...

"Estás mesmo com ar de grávida, que giro!"

Giríssimo. Estou com a tensão nos píncaros, parece que roubei o nariz ao Batatinha, ando à pinguim e canso-me só de pendurar uma máquina de roupa. Que giro que é, pá!

"Oxalá tenhas muito leite, filha!" (Dito pela sogra. A minha mãe não se mete em nada.)

Ui, ui. Esta então...não tenho intenção de amamentar a minha filha. Não quer dizer que, ao experimentar na maternidade, não mude de ideias e vamos a isso. Desde o início da gravidez que ponderei muito esta ideia, ouvi muitas críticas e continuei firme no meu propósito. Tem sido fácil? Não. Sou vista como um bicho ruim. Temos pena e estou tão cansada do "mas porquê?" que já só respondo "não quero e pronto".

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Vou-me entrevistar, pode ser?

Então e a gravidez está a ser aquilo que imaginaste?

Er...mais ou menos. Os primeiros 5 meses foram impecáveis, até me esquecia que estava grávida. Imune à toxoplasmose, ganhei apenas 3 quilos até ao sétimo mês, sempre a comer... abundantemente, digamos. Tirando o sono inicial, que me levava a bocejar diante de turmas inteiras, não deixei de fazer nada que me apetecese, tirando emborcar um valente copo de tinto. Enjoos? Nadinha.
A chatice está a começar agora. Quero passear, limpar a casa, aprontar o quarto... e estou permanentemente cansada e sem fôlego. Sinto-me pesada e trapalhona e o andar à pinguim instalou-se na minha vida. Virar-me na cama é titânico, tal não é a carrada de almofadas que distribuo pela barriga e costas. Bottom line: está a ser bom, (muito bom) com uns momentos chatinhos lá pelo meio, mas que não têm importância nenhuma, visto que não tarda nada temos cá fora uma mini-me!

Exames e consultas e trintaporumalinha. Como é que é tens enfrentado a coisa?

Digamos que continuo uma valente mariquinhas, mas sei que não é só por mim que as consultas, análises e afins acontecem, pelo que me tenho armado de coragem e já frequento hospitais, clínicas e centros de saúde com bastante normalidade.
Ao início senti-me uma valente atrasada mental por não saber o que fazer: ali estava o teste com o + e eu perdida e sem saber para que lado me virar. Depois fui à 1ª consulta e aos poucos a coisa foi-se compondo. Na primeira consulta,com 8 semanas, a eco foi vaginal (julgo que é assim que se chama) e deu para ver a feijoca em formação. Foi uma emoção que não consigo descrever ou comparar a nenhuma outra coisa na minha vida. O Eskisito até choramingou um pedacinho...eu aguentei-me. Sou rija, caraças!
Na ecografia seguinte, com 12 semanas, o médico atirou um "parece miúda" que nos deixou extasiados. Não era uma certeza, mas era o suficiente! E era o que nós mais queríamos.
Na ecografia seguinte tivemos a confirmação que tudo estava bem e que era mesmo uma menina. Depois de avisar toda a gente, calcorreámos as lojas e comprámos imensas coisas rosa. Agora já era oficial e a alegria foi imensa. Daí paraa frente, entre análises, consultas, pesagens, medições de tensão e ecos, tudo foi-se tornando quase normal.
O pior mesmo eu diria que é o "tirar sangue". O melhor? As ecografias. Apesar do medo( e olhem que  10 segundos de silêncio por parte do médico durante uma ecografia é uma eternidade) ver aquele ser pequenino a mexer-se dentro da minha barriga é indescritível.

Coisas que juraste nunca fazer e que fazes:

- Choro por tudo e por nada. Mesmo. Desde o facto de não ter roupa que me sirva até à reportagem sobre qualquer coisa relacionada com bebés.

- Deixei de pensar que as grávidas são umas mariquinhas que não aguentam nada. Eu, que nunca pensei vir a querer servir-me da caixa prioritária, dou por mim furibunda ao ver gente sem necessidade nenhuma a ocupar a caixa prioritária. Caraças que até fico zangada só de escrever.

- Comprei( comprámos) tudo em rosa. Não imagino outra cor.

- Deixo que 2 ou 3 pessoas me mexam na barriga. Custa-me horrores, fico desconfortável, mas não há pessoas que não se mancam e é escusado...

- Comprei (comprámos) um carrinho XPTO e fartei-me de fazer pesquisas para me decidir.

- Fiz(emos) um curso de preparação para o parto.

Coisas que juraste nunca fazer e que não fazes nem tens intenção de fazer:

- Barrigas de gesso. Poupem-me.

- Yoga para grávidas. Acredito que seja muito bom, mas não me imagino a fazê-lo.

- Tatuagens com o nome da criança.







The ciiiiircle of liiiiife ou Será que ainda sei mexer nisto?

Bom, queridas pessoas que ainda por aqui passam, isto vai virar um baby blog, valha-me Deus!
Não será certamente daqueles com a roupa que a criança está a vestir, o babygrow-tendência ou o caraças. Calma! Estou grávida mas não ensandeci.
Encontro-me com 36 semanas (sim, uma pessoa acaba por começar a dizer as semanas porque a contagem dos meses é quase matemática aplicada e eu sou uma pessoa preguiçosa), de baixa há uma semana e fiquei com vontade de aqui vir desbobinar as neuras, os medos, as alegrias e a ANSIEDADE que tem vindo a crescer.
Ou então isto pode correr muito mal, dar-me no nervo e fico só por este post! (Pode ser que não...)